Sobre o Blog

O Tao, o Zen, Deus (as coisas sobre as quais mais vamos tratar neste espaço) é/são simples. É a maior simplicidade. É a mais pura ignorância (ignorância na forma que a conhecemos).
Com uma linguagem e um pensamento muito elaborado jamais o/os alcançaremos. Aliás, jamais os alcançaremos com a linguagem.
É a mais pura experiência. Inacessível ao ser humano enquanto a experiência passar/for filtrada pela linguagem.
Como os textos vão carregar um pensamento desenvolvido (ou seja, ignorante num sentido de cegar para a simplicidade), mesmo que a forma de escrita às vezes seja culta, as discussões que forem tratadas aqui não devem ser entendidas como iluminações do autor (mas podem ser também).

sábado, 2 de abril de 2011

A ação como alegria de vida


O conceito de Kharma entendido com ação, e a Kharma Yoga como o caminho pelo qual o espírito age, apenas, sem esperar pelos resultados, sem reclamar para si os frutos dessa ação. Age em devoção, entregando os frutos ao Todo, ao Universo, a Deus.
É a ação pela ação, e não pelo resultado. A satisfação está em fazer, buscar a satisfação no resultado produz sofrimento.  É como uma criança que brinca na areia de fazer castelo, a água vem e o destrói, alegremente recomeça e, ao terminar, o derruba e começa um novo castelo. Vê-se que a alegria está em fazer e não em admirar uma obra feita.
Parece que os frutos da ação são senão ilusões. Pensemos num certo projeto de vida que segue hegemônico na nossa cultura: a pessoa abdica das coisas que gosta de fazer com a intenção de passar no vestibular pensando em ser feliz quando ingressar na faculdade. Faz a faculdade para ter o emprego, trabalha para se aposentar.
Estuda para ter um bom emprego; consegue um bom emprego para constituir família e dar boa educação aos filhos, e o ciclo se repete.
Quer dizer: faz para fazer. Trabalha pensando num produto final que irá lhe proporcionar relaxamento, mas o produto final lhe dá mais trabalho a ser feito.
Onde está o fruto do trabalho? Como reclamá-lo para si? Essa expectativa produz frustração, de modo que se a alegria não estiver no fazer, na ação em si, então a vida será de angústia e ansiedade, será de espera pelo próximo momento.
Pensando nessa metáfora de colher frutos, podemos dizer: a vida é como uma semente mágica, que você planta e dá frutos instantaneamente; os frutos só são dados no ato da plantação e só ao plantar se pode colher frutos, porque a vida não é como a agricultura em que se faz o trabalho e espera uma recompensa, a vida é como a vida em que trabalho e recompensa se confundem.
Percebam que não estou fazendo uma apologia ao trabalho servil, nem estou sendo arauto do neoliberalismo-cristão, mandando que as pessoas não reclamem do trabalho. Não é essa a intenção. Ao dizer que a alegria está na ação, no trabalho, defendo que se busque aquilo que lhe oferece prazer de ser feito e não aquilo que lhe ofereça maiores recompensas!

2 comentários:

Ana Carolina disse...

Gostei muiiito sr. Breno!

Carol F =)

Diego Borges disse...

Muito bom Breno!

Projetar no futuro as nossas expectativas em relação à vida e a esperança de "felicidade" é a maneira mais comumente adotada pelo ser humano para ser infeliz. Desse modo, nos utilizamos de nossas frustrações para justificar o fato de não sermos "felizes" e nos queixarmos da vida.

Gostei do tema e das suas observações... parabéns!